Ah, as eleições… Um clima gostoso de tretas no ar, debates, entrevistas no Jornal Nacional, memes, textões no facebook, provocações, amizades se desfazendo porque você prefere fulano a ciclano.

É em meio a todos esses acontecimentos que Geraldo Alckmin lançou seu primeiro comercial para TV, nesta última Quinta Feira (30). A peça foi uma provocação sucinta ao candidato Bolsonaro, onde se faz uma crítica a proposta da legalização do porte de armas.

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A intenção da peça foi conscientizar sobre a legalização do porte de armas. No vídeo uma bala atravessa objetos onde estão escritos diversos problemas que a sociedade brasileira enfrenta, como educação, fome, desemprego, analfabetismo, entre outros. No final vemos a frase “não é na bala que se resolve.”

Mas não demorou muito para que os internautas se manifestassem nas redes sociais, alegando que a equipe de marketing de Alckimin havia plagiado a propaganda de um comercial inglês, lançado no Reino Unido em 2007, para uma campanha desarmamentista.

GUNS KILL: KILL GUNS NÃO É MERENDA

A propaganda “Guns kill: kill guns” foi produzida, em 2007, para uma campanha desarmamentista no Reino Unido. Nela, uma bala aparece atravessando diversos objetos em slow motion, ao som de uma música clássica. A intenção era impactar o público, mostrando, com detalhes, os estragos que uma bala, ao se chocar com algo, pode causar.

Ao final da peça, a bala vai de encontro à cabeça de uma criança. Porém, antes que chegue, ela se transforma na frase:

“Stop the bullets. Kill the gun”

“Pare as balas. Mate as armas”

Contudo, ao comunicar sobre o vídeo, Alckmin divulgou em seu twitter que o vídeo foi baseado na campanha inglesa.

Houveram muitos comentários, até mesmo no vídeo da campanha original, veiculada no Reino Unido, que seriam muito cômicos, se a situação não fosse tão trágica.

A peça produzida para campanha de Alckmin continha a mesma ideia, objetos e cenas da campanha “Guns kill: kill guns”, o que poderia caracterizar plágio, segundo o código penal, que diz:

Art. 184. Violar direitos de autor e os que lhe são conexos: Pena – detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, ou multa.”

NINGUÉM PERCEBEU QUE FOI UMA INDIRETA

O episódio foi bastante intrigante, pois  a peça poderia até mesmo ser considera como plágio, além de ter a intenção de provocar um candidato oponente, mesmo sem citá-lo nominalmente,  o que configura uma segunda infração.

Bolsonaro, que tem como uma de suas propostas o porte legal de armas para serem usadas em caso de legítima defesa, sempre foi alvo de muitas polêmicas. De linha conservadora, tradicional e de direita, foi militar na época da ditadura e tem projetos vinculados às suas ideologias.

Segundo uma pesquisa divulgada pelo jornal da Jovem Pan com fontes no Paraná Pesquisas, Bolsanaro lidera o cenário com 21,9% das intenções de voto e Alckmin fica em terceiro lugar com 14,9%.

Pode não ter sido essa a intenção, mas o vídeo deu o que falar devido a possibilidade de configuração de plágio da campanha. Se tornou um dos assuntos mais evidentes nos Trends. Por isso é importante se atentar à esse tipo de questão importantíssima, na hora de se elaborar uma estratégia de Marketing.

A princípio, o comercial atingiu seu objetivo, demonstrando com criatividade a ideia de que existem outras formas de resolver as questões da nação. Contudo, o fato de se “basear” em outra publicidade de forma muito semelhante e de provocar diretamente outro candidato pode não ter sido uma boa ideia.