Já abordamos algumas vezes aqui no blog o quanto os memes são bons em criar empatia e identificação com as pessoas. Um acontecimento, uma frase, um deslize, qualquer coisa pode virar um meme e se espalhar pela internet em diversos formatos, sejam eles montagens de figuras, vídeos ou paródias. Eles viralizam de forma inacreditável!
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Vemos memes serem empregados nos mais diversos segmentos da nossa sociedade, seja na cultura pop, no esporte e principalmente na política nas épocas de eleições.
Em diversas situações, os nossos queridos políticos disseram ou fizeram algo digno de um meme que se espalhou pela internet e pelas redes sociais, fazendo com que esses candidatos caíssem na boca do povo e ficassem ainda mais em evidência.
Porém, é necessário tomar cuidado para preservar a imagem do candidato, mesmo com as sátiras que podem surgir de eventuais gafes, não é mesmo?
Pois é, a relação entre memes e política já é um pouco antiga e se popularizou em 2012. Em 2012, já existiam os memes, mas não os memes da forma que conhecemos hoje. Olhamos para a gama de montagens que existem na internet atualmente e podemos dizer: “Me lembro quando isso aqui era tudo mato”.
OBAMA O PRIMEIRO PRESIDENTE MEME
O candidato caiu no gosto do povo, que viu nele uma nova oportunidade para mudanças nos EUA, após 8 anos de mandato de George W Bush. Em 2012, os memes com montagens, fotos e frases eram uma crescente e estavam no seu “boom”, e isso bem a tempo do candidato Barack Obama se tornar o mais novo queridinho dos eleitores americanos e ser o primeiro presidente meme.
Foi a partir daí que ficou evidente o quanto os memes poderiam potencializar os discursos dos candidatos, trazendo relevância e visibilidade para eles de forma mais eficaz até mesmo que as mídias tradicionais poderiam oferecer, sem custo e de forma orgânica, devido à sua grande facilidade de se tornarem um conteúdo viral.
OS MEMES NA POLÍTICA, JÁ CARICATA, BRASILEIRA
No Brasil, não foi diferente. As últimas eleições estão aí para comprovar. Em 2014, a cada passo e acontecimento que havia, nascia um meme nas redes sociais.
Os debates eram alvo fácil de piadas, montagens e referências para uma infinidade de memes que circulavam no Twitter e no Facebook.
Quem aí não se lembra de Levi Fidelix e o famoso “aparelho excretor não reproduz?”, ou mesmo Eduardo Jorge com seus discursos pró-maconha? Foram uma enxurrada de memes, comparando até mesmo Levi Fidelix ao personagem Seu Barriga e Eduardo Jorge ao Seu Madruga, ambos da série de TV “Chaves”.
Os memes deram aos candidatos a possibilidade de estarem na boca do povo e viralizarem, porém, por outro lado, os transformaram em verdadeiras caricaturas e alvos de muitas sátiras. Por este motivo, os memes são capazes de impactar diretamente na imagem e na relevância dos candidatos.
E AS ELEIÇÕES BRASIL 2018?
A apenas um mês do início das campanhas eleitorais, sem sombra de dúvidas já tivemos diversos episódios que renderam memes para dar e vender.
As brincadeiras começam com o candidato Cabo Daciolo ao citar a famosa, porém não antes conhecida, “Ursal” (União das Repúblicas Socialistas da América Latina) que nas palavras dele seria uma organização para unificar os países da América Latina e torná-los todos comunistas, a qual acusou Ciro Gomes de fazer parte. É claro que esta organização não existe, mas se tornou um dos maiores alvos de memes das eleições de 2018.
Já nos primeiros debates televisionados, a discussão entre Marina Silva e Jair Bolsonaro se transformou nos mais variados tipos de dublagens e paródias, com direito a músicas do filme High School Musical, Elis Regina e MC Kekel e MC Rita. No debate, Jair Bolsonaro e Marina discutiam questões a respeito da igualdade trabalhista para as mulheres, legalização do aborto e da maconha e porte legal de armas. Cada um dos candidatos tinha 45 segundos para expor sua opinião. Os memes e as montagens de vídeo em paródias foram surgindo quase que em tempo real na internet e se espalhando pelas redes sociais.
Mas esses foram só alguns dos primeiros casos de memes que viralizaram nestas eleições. Houve muitos outros, desde chacotas pelo ex-presidente Lula estar concorrendo ao cargo de presidente mesmo estando preso, às paródias intermináveis com Marina Silva e suas irmãs ou com seus discursos ditos sem fundamentos, ou mesmo seus aparecimentos “apenas em épocas de eleições”. Tivemos também Geraldo Alckmin e sua campanha plagiada de um comercial inglês, Ciro Gomes acusado de fazer parte do maior sistema comunista da América Latina e por aí vai.
FACADA NO BOLSONARO
No dia 06 de Setembro, Bolsonaro levou uma facada durante uma caminhada em Juiz de Fora. O acontecimento gerou diversas especulações em torno da situação. Muitos diziam ser apenas uma jogada de Marketing, outros defendiam que realmente foi uma agressão. Fato é que o candidato à presidência ficou internado e não escapou da “zoeira”. Mesmo com uma eventualidade dessas, a qual poderia ter resultado em morte, a internet não perdoou. Houve memes tanto criticando, quanto dando forças para a recuperação de Bolsonaro.
O fato é que, na internet, só se falava no ocorrido e isso, inevitavelmente, aumentou a relevância do candidato. Sendo jogada de marketing ou não, Bolsonaro, que antes mesmo desta ultima situação sempre foi muito citado nas redes sociais, viralizando com memes a respeito de seus discursos polêmicos, mais uma vez ganhou destaque nos trends, seja como alvo de chacota ou não.
MAS CUIDADO! OS MEMES PODEM SER OS MOCINHOS OU OS VILÕES
Os memes são ótimos para engajar e dar relevância ao conteúdo devido às doses de humor e referências que eles carregam. Viralizar através de memes pode trazer resultados bons, mas também pode trazer resultados ruins, estigmatizando o candidato. Neste caso, podemos empregar a frase da nossa querida ex presidenta Dilma Roussef:
“Nem quem ganhar e nem quem perder vai ganhar ou perder. Todo mundo vai perder“
Ou seja, é bom que os candidatos estejam atentos aos memes e à forma com que os eleitores irão olha-los. Nem sempre a estratégia de criar relevância por meio de polêmicas é uma boa ideia.